sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O abandono explodiu este ano

Neste momento, não há hipótese de colocar animais em lado nenhum. Todos os canis estão cheios. Pois as pessoas ainda não perceberam que não se deve abandonar os animais. O cão está a tornar-se um bem descartável.
O abandono deixou de ser um fenómeno sazonal — os cães continuam a ser abandonados no Verão, mas também ao longo de todo o ano. As crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este pico de abandonos.
Há pessoas a trocarem as vivendas por apartamentos, a irem à procura de trabalho para o estrangeiro — em geral, vive-se com menos dinheiro. O abandono é um sintoma de crise, mas não apenas económica. A falência é mais geral: somos um país que maltrata as crianças e abandona os velhos e os animais.
O número crescente de cachorros entre os cães abandonados é uma das novidades desta nova vaga. Existem também cada vez mais cães de raça pura entre aqueles que são deitados para a rua. A manutenção destes animais é habitualmente mais dispendiosa do que a de um rafeiro.
As notícias sobre as raças perigosas têm tido efeitos dramáticos — entre os abandonados com pedigree, avultam os pitbull e os rottweiler. Por outro lado, os cães são também, para certas pessoas, um fenómeno de moda — quando esta passa, troca-se de animal, abandonando-os. Aconteceu, por exemplo, com os dálmatas.

Isto não tem fim à vista. Uma pessoa até se sente desorientada.

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