Neste momento, não há hipótese de colocar animais em lado nenhum. Todos os canis estão cheios. Pois as pessoas ainda não perceberam que não se deve abandonar os animais. O cão está a tornar-se um bem descartável.
O abandono deixou de ser um fenómeno sazonal — os cães continuam a ser abandonados no Verão, mas também ao longo de todo o ano. As crescentes dificuldades económicas de muitas famílias portuguesas poderão explicar, em parte, este pico de abandonos.
Há pessoas a trocarem as vivendas por apartamentos, a irem à procura de trabalho para o estrangeiro — em geral, vive-se com menos dinheiro. O abandono é um sintoma de crise, mas não apenas económica. A falência é mais geral: somos um país que maltrata as crianças e abandona os velhos e os animais.
O número crescente de cachorros entre os cães abandonados é uma das novidades desta nova vaga. Existem também cada vez mais cães de raça pura entre aqueles que são deitados para a rua. A manutenção destes animais é habitualmente mais dispendiosa do que a de um rafeiro.
As notícias sobre as raças perigosas têm tido efeitos dramáticos — entre os abandonados com pedigree, avultam os pitbull e os rottweiler. Por outro lado, os cães são também, para certas pessoas, um fenómeno de moda — quando esta passa, troca-se de animal, abandonando-os. Aconteceu, por exemplo, com os dálmatas.
Isto não tem fim à vista. Uma pessoa até se sente desorientada.
coitados...
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